Sinto pela ausência... Saudade dos fragmentados e dos fragmentos desse "pequenino" universo.
Eis aqui, um fragmento de um fim. Espero que sintam...
Eu sabia. Sempre soube do fato insano que era te perder. Arrisquei, paguei o preço e vi. Vi você saindo de mim, como as ondas saem do mar para se escaldar na areia.
Você foi abrindo devagar a porta, para que eu não percebesse que estava sendo aniquilada, até que abriu tudo, deixou-a escancarada e saiu correndo para que não desse tempo de te puxar pelos braços.
Eu fiquei aqui, nesse quarto vermelho carmim, que você quis colorir enquanto brincava de fazer amor em mim.
Vivemos aquela batalha do amor, que ora nos aconchega em Glória e ora nos bombardeia em dores.
O que eu acho nefasto é o fato de você fingir até os últimos momentos de olhares entrelaçados, uma paixão. Poderia ter pedido perdão e saído ilesa das cinzas que ainda queimam, devidamente, pelas brasas de outrora.
Você disse que o amor chegou ao fim. Na verdade, o fim se desaguou em amor; o seu fim, no meu amor. Mas, eu sempre soube que seria assim. O que acontece é que a vida humana quer sempre o prolixo, mesmo diante da sua mais devasta lacuna.
Neste momento eu fumo cigarros de cóleras e bebo gim de mágoas. É a dor latente de quem não consegue controlar a mente, quando esta, demente, se desnorteia em busca de um passado, desejando obstinadamente, que ele venha ao presente. Bobagens de gente!
Olho para a fotografia em preto em branco, na moldura feita por você, que dizia ser o retrato mais pitoresco de amor. Dentes expostos na imagem, olhares cúmplices e horizontes de sonhos. Como seria a nossa fotografia de agora?
Sangue ordinário espalhado pelos cantos dolorosos de nossos olhos.
Não quero que volte, mesmo amando-te loucamente (l-o-u-c-a-m-e-n-t-e), prefiro que vá sobrepor seus órgãos quentes sobre os corpos que te ardam, que fique aqui, remoendo e fingindo caminhos para uma paixão falida.
Deixe-me no meu ermo desse quarto a luz néon, logo passará essa revelação anômala de dores em partes que eu nem imaginava que existia.
É fato que o seu ato, me cortará a alma por longos dias, se acaso suportar o ocioso desejo de desprendimento da vida; mas, assim que perpassar a penosa aflição do espírito que foi esfaqueado pelo o abandono, e do corpo rejeitado pelo o calor de outro corpo, a existência me voltará a ser chiste. E quem sabe me dê um outro amor e feche a porta.
Enquanto isso, eu vejo a gaivota, sobrevoando livre na sua condição de não amar. O amor prende e a solidão e a falta nos rende.
Esperarei passar essas horas que ainda se sente o perfume, a presença, a esquivança na retina da esperança, o estar não sóbrio para recuperar-se. Até a vida vir e me der um outro amor carmim. Talvez para me ferir, vale se for para me fazer existir.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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