domingo, 27 de abril de 2008

A gruta.


Boa madrugada gente bela! =)


Sabem, ainda não consegui algo palpável aos olhos para falar sobre o show da Grande. Portanto, publicarei outra coisa. Até que meus dedos encontrem algo para definir o encontro com MARIA BETHÂNIA.
Por hoje, falarei de outro encontro. O encontro com a Gruta. A gruta interior que há em nós. Essa (talvez) seja a minha. Espero que de alguma forma vocês se encontrem e se percam dentro das suas grutas e dentro da minha gruta.
Lembrando-os que nada aqui é pretensioso. Só quero ser. E quero que vocês sejam, pois aqui NÓS PODEMOS SER!

Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. (Sócrates)

Mãos a obra senhores:


A GRUTA

Perder-me nessa gruta silenciosa diferencia-me das criaturas que apenas vivem.
Ela me cala perante a sua nebulosa e escura face. Face negra em contraste com o branco pálido.
Quando quebro a máscara que me retém, que me faz ser vista nos olhos dos demais, deparo com essa gruta. Obscura, tempestuosa, lacrimosa, sangrenta e sonhadora gruta.
É ela quem me faz. Não a simbólica máscara bela.
É então, que me quebro em pedaços, para saber em quantos pedaços se faz alguém como eu.
Nada descubro. Somente o escuro. E para se ver no escuro, é preciso fechar os olhos.
A gruta é infinda; cheia de labirintos que nos leva a mais assustadora descoberta.
Surge-se o susto de viver. Surge-se o susto de ser eu.
Às vezes não quero voltar, quero ficar dentro dela, pois me perder nela significa encontrar comigo.
É um duro, denso, intenso e escuro encontro. Mas é ele quem me dignifica.
Quando sinto vontade de abortar o meu caminho, adentro a gruta, é quando ela me pega pelas mãos (que é, juntamente com os olhos, a parte do meu corpo que pensa) e me mostra os deuses. Quando os vejo dentro dela, perco a coragem dessa vontade, pois não ousaria modificar os seus (bobos) desígnios. E acabo por abortá-lo dias, há dias.
Os nossos encontros sangram como a menstruação da lua. Machuca como a navalha do medo. Assusta como o nascer. Porém, enobrece como o doce e rotineiro amanhecer.
As diversas criaturas que há em mim, são soltas quando entro em contato com a gruta. Elas se alegram e gritam como lobos famintos devorando a ovelha.
As ovelhas que sobram, voltam a viver na máscara.
A gruta maltrata, sim. Mas sem ela acharia que teria fim. E o fim nos faz crer que acabou. Ela não me permite isso, quando estamos juntas, percebo o eco, e ele é eterno.
São encontros que me deixam exaurida, me cansa os olhos, tomam a minha voz, comem minha respiração, bebem do meu odor, saboreiam o meu cheiro e que por fim me enchem de perguntas que me fazem viver para obter respostas.
Talvez a gruta seja uma deusa (cada um tem uma deusa dentro de si, sendo assim), pois é ela quem me salva. E tem o mesmo veneno e quentura materna; coisas de deusas.

Ao revirar da minha consciência para dentro do meu corpo, do meu espírito, encontro a gruta. Ela não sorri muito, mas percebe-se o brilho em seus olhos a me ver chegar. Nunca puxa uma cadeira para eu sentar, ela tem o propósito de fazer com que o encontro seja desconfortável, porém quente. Dá-me um líquido amargo para eu beber, chamado lágrimas. E um pote de doce chamado coragem.
Ela, toda imponente, senta-se no chão e me manda permanecer de pé.
Mostra-me a minha face escura, e os labirintos que há nela. Por vezes, sinto muito medo e tenho vontade de voltar. Mas a silenciosa gruta é amiga, e sempre me traz de volta, por mais que ela queira que eu permaneça lá.
Eu me perco dentro dela, em todos os nossos encontros. E tenho muito medo de me achar. E vivo nesse conflito do medo de me perder e do medo de me encontrar.
Quando saio da gruta, saio sensibilizada com os caminhos, perco a vontade de abortá-lo. Sinto prazer em meu odor e repudio o meu cheiro. Passo a gostar do escuro e a preservar a luz. Eu me torno o seu prosélito. Ela se torna a minha pastora.
Conseqüentemente, isso é promulgado. Os mais sensíveis percebem que com ela eu me encontrei, que com ela eu me perdi.Ela é o infinito que me fará eterna.


Daniella Paula


Essa uma exaustão de alma. Como já disse por aqui, não espero a compreensão, isso é demasiado para mim. Busco apenas ser amada, com essa gruta, com esse palco, com essa peça. =)
Relembro as palavras belas de Josemaría Escrivá, que nos diz: O conhecimento próprio leva-nos como que pela mão à humildade.

O agradecimento de hoje vai à VIDA. Que veio hoje com o nome de: Gustavo! Meu lindo sobrinho. Que eu infinitamente já amo. Deus abençoe seus passos na Terra e os seus olhos no mundo.

Obrigada a todos vocês que deixam estrelar os mais belos sentimentos no meu céu.

Com carinho: Dani.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O meu Amado Recife!


Que saudade disso aqui!

Estive em Recife. Meu Deus! O que é aquilo? Não sei descrever. Talvez meus olhos saibam. Quem olhar para eles, quando eu disser a palavra: Recife! Compreenderá.
Nem saberei descrever tudo que lá vivi, todos que lá conheci, todos e tudo que lá deixei e que na mais doce lembrança veio comigo.
Sinto tanto saudade!
“Saudade são águas passadas que se acumulam em nossos corações, inundam nossos pensamentos, transbordam por nossos olhos, deslizam em gotículas de lembranças que por fim, morrem na realidade de nossos lábios.”

Dona Sophia (Sophia de Mello Breyner) tem a melhor definição sobre essa saudade:
"Num deserto sem água, numa noite sem lua, numa terra nua, por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais profunda que a tua!"

Tentei fazer algo, com uma literatura um tanto sem base, simplória, inofensiva, modesta, vã e que não chega nem na mais vaga idéia de grandeza e beleza de Recife; para tentar explicar, tão belo e tão forte foi o que lá vivi e senti. Não espero a compreensão, é muito para mim, não mereço tanto. Porém, espero que vocês sintam, pelo menos, umas cócegas nos olhos, uma faísca de luz recifense no coração.

Vamos até Recife:

O meu Amado Recife!

As ondas que deixam suas mensagens poéticas na areia.
O céu azul que se finda dentro de nós, mas que se infinita no seu leito eterno.
As ruas loucas de pensamentos tontos, embriagadas pelo cheiro da maresia.
As longas e árduas ladeiras, fazendo o seu barroco faiscar-se.
A voz negra das esquinas, que canta o eco do estomago.
A pisada das danças que fazem cintilar a beleza dramática do coexistir.
As morenas, as negritas, as azuladas, as negras ouriçadas colam seus corpos esculturais no corpo das esculturas locais. Tornando-as uma só.
A arte crente, orgástica, que nos mostra o talento infindável dos seus filhos prodígios.
Os seus poetas célebres, os seus poetas andarilhos, sua literatura de cordel, seus dedos mágicos, tudo o torna o depósito de pensamentos humanos.
O rio ao lado do mar, o mar ao lado do rio e eu sorrio, porque sobre isso, só o singelo sorriso sabe explicar.
Os vendedores ambulantes que se tornam amantes dos becos e dos mares.
A brisa doce, com gosto de mungunzá e suco cajá.
O vento que dilacera a alma, e que em nenhum outro lugar há de ventar.
O Capibaribe e o Beberibe que o corta, deixando-o em estilhaços de água lacrimais e inebriante de luz.
Seu povo honroso, sua brasília teimosa; seus órgãos sujos, em contraste com seus poros imaculados.
Brennand e sua floresta, seu oxóssi de mistério, sua mente de luxúria, suas mãos de loucura, encantam a cidade, desvirginada pelo seu sexual puro.
Os inteligentes navios ancorados. Os sábios pescadores descansados.
E o mar...
Ah, o mar!
Ele que nos quebra com seu aconchegante abraço; que nos dá rasteira com suas coxas grossas; que nos ama com seu órgão quente; que nos beija com sua boca salgada; que sussurra ao “pé” dos nossos ouvidos sua louca e inconstante música; que entranha suas entranhas em nossas entranhas; que faz da sua calma um estardalhaço; que pinta em seu céu sua obra de arte azul nostálgica; que declama na areia suas poesias falácias; que limpa nossas diversas almas e arrebata nosso frágil espírito.
Ele. Ele único e soberano, perto de nós, frágeis mutantes.
O homem grande, a mulher gigante. O deus Posêidon, a deusa Iemanjá. Ambos se incorporam e tornam um só: O mar, o mar.
E pode haver outros mares, mas nenhum igual ao de lá.
Vivo a imaginar, o dia em que poderei voltar a ficar no seu corpo colada, como o baobá enraizado na sua terra.


Daniella Paula


Depois que voltei, escrevo todos os dias. Gostaria de postar tudo aqui, mas é pretensão demais. E vocês enjoariam de tanto amor ao mar, a Recife, às ondas, às ruas, às pontes, às pessoas...

Obrigada pelo carinho aconchegante de todos. Depois, postarei sobre o GRANDE SHOW DE MARIA BETHÂNIA - Minha Primavera maior.


E os agradecimentos de hoje irão, primeiramente, a Recife, essa cidade contaminada de luz e expressão.

Depois a minha amada Jô, que foi uma mãe, uma amiga, uma companheira, uma amante de Bethânia (com ela deu pra dividir...rsrs), uma faísca de engrandecimento, um turbilhão de amor. Depois a Orelly, que acima de tudo foi um forte e intenso pai. Foi, é e será para sempre. Sem palavras para definir o quanto me ajudou. Mesmo calado. A Neili e ao Cláudio, que foram fantásticos em tudo. Na companhia, nas loucuras, nas percas, no quarto, nos cafés da manhã (apesar de eu sempre acordar mais tarde e eles já terem tomado...rsrs), nas andanças, na compreensão das diferenças, nos meus delírios e escândalos. Vocês são divinos! A Lúcia, que além de linda, é uma carinhosa anfítriã, uma guerreira sorridente. Talvez eu não tenha me dedicado à ela, como ela merecia, peço sinceras desculpas, mas é que lá não tinha razão, apenas êxtase de emoção por tudo. A querida Genita, que apesar de estar somente um dia com ela, foi o dia. Me acolheu como uma roupa quente em dias de inverno, me proporcinou o mais nobre carinho. E enfim, para fechar com chaves de ouro... Ângela! Simplesmente, minha anja. Em todos os instantes. Obrigada por TUDO!

Obrigada a cada um que passou por mim, que me sorrio, que me abraçou com verdade, que apertou a minha mão, que me olhou com atenção, que me dirigiu palavras tão calorosas. Foram muitos!

À Bethânia é amanhã, ou depois. Porque ainda não me recuperei. =)

Um beijo do tamanho do mar, com a beleza de Olinda, cheio de luz como o Recife.

Dani.