domingo, 24 de agosto de 2008

Interrogações

Interrogações

Até onde podem ir os meus passos?
Até onde podem alcançar as minhas pernas?
Quantas carências são capazes de suprir o meu abraço?
Quantas bocas são capazes de calar o meu beijo?
Qual é a profundidade do meu eu?
Ao nascer o meu choro foi de protesto ou emoção?
Eu nasci das cinzas ou das horas?
Sou banquete aos pássaros ou fruto rejeitado por eles?
Como é a minha alma nos olhos de uma serpente?
Que cor tem o meu espírito?
O que ensinam os meus calos?
Quem cura as minhas dores?
De onde vêm as minhas forças inatingíveis?
Para onde transgride o meu ser?
Tortuosas são as respostas, mas mais duras que as perguntas, impossível.
Não há quem responda a amplitude e limitação do meu ser.


Daniella Paula

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A incógnita

As trombetas dos anjos anunciavam. Porém, eu ainda não podia escutar.
As torturas do ser a minha frente, gritavam silenciosamente as dores mais intensas de um ser a se debruçar. No entanto, eu nada podia enxergar.
As cores escuras de dia de inverno sombrio, tentavam me mostrar. Mas, eu sentia medo de encontrar.
Os olhos esbugalhados diante do desconhecido acenavam à cena acontecida. Porem, eu fechava os meus olhos para não me deparar.
A boca seca, após correr todo seu liquido, vomitava o que estava a declarar. No entanto, eu não queria esbravejar.
As mãos frias e indizíveis penetravam as minhas, para eu poder salvar. Mas, eu nada podia diante da incompetência do estar.
O corpo mostrava que já não era mais morada. E eu ali, a não decifrar.
O vermelho escaldante, jorrado aos buracos da inconformidade de deixar. E eu sem ver o sangue que tudo dizia ao meu estranho dilacerar.
A incógnita veio até ela. À moça de belos dentes e com feio sorriso, seios fartos como úbere, cabelos alourados como o ímpeto do ouro, pele pálida como a da lua, corpo doloroso e avantajado como as das meninas noturnas e olhos com a grande fome.
A contração daquela dor, talvez a deixasse mais bonita. Ela fixava toda a sua salvação em minhas mãos, e eu sem decifrar que aquela ela hora de deixar.
Eu era um ser incompetente, frágil e fraco perto daquela moça que estava a se renunciar. Perto daquela majestosa senhora que veio buscá-la. Nada podia fazer o meu bucólico ser.
Foi quando, ela cravou as suas longas unhas vermelhas no meu pulso, deu um suspiro sobrepujante, que a fez ultrapassar os seus limites de ser; obstruiu-se o seu eu desse mundo paralelo e descontente.
Num dia sem sol, cheio de velas faiscantes, com cheiro de nudez impregnado no ar, através de um grito silencioso e de um olhar escandaloso; na rua dos deixados, número 13; a moça se entrega a incógnita da morte. Morre em meus braços, desfaz o seu ser.
Agora entendo os sinais. Tarde demais. Lá se foi para fora dos martírios da vida. Lá se foi a que nunca foi bem vinda.

Daniella Paula

Mudei o nome do blog... Mudanças, esquivanças, esperanças...
Espero que entendam essas palavras vazadas dos fragmentos d’ minha alma!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Um mistério

Um mistério

Eu me entendo com essas palavras vazadas.
Sei tanto da solidão que hoje a tenho como amiga
Sou mais eu quando estou triste.
A minha alegria tem uma doce dose de hipocrisia
Não sei fazer amor, sei criar amor.
Não entendo nada sobre paixões,
Quando entender, nunca mais me apaixonarei.
Não reconheço a minha alma, em meio tantas que inventei.
Pouco sei dos meus gostos, já que eles são mutantes.
Nada sei sobre o meu mar, nado assim, sem saber.
Procuro os rastros, porque as pegadas já têm muitos a procurar.
Não caço as borboletas, sei que quando eu deitar-me, elas virão pousar em meus ombros.
Não conheço a minha face, ela tem muitos traços inteligíveis.
Morro, quando sei que vou renascer no outro. Isso eu chamo de amor.
Alimento pequenas ninharias. Isso eu chamo de viver.
Nada sei sobre mim e se pudesse saber, recusaria. Gosto do mistério, mesmo que o martírio de ser desconhecida seja avassalador.
Daniella Paula