A noite estava escassa. Clamei-a e de repente ela surge nua.
Nua de corpo e alma, áurea limpa e pureza findam.
Com alguns colares no pescoço, cabelos soltos.
Olhar do avesso.
Ela surgiu para se entregar.
Somos dois mistérios. E dele queremos desfrutar.
Ela se insinuou, tocou os lábios, lambeu os dedos.
Sensibilidade aflorada...
Lua, tão feminina, querendo fazer amor com uma estrela, pois já não quer ser sozinha, quer alguém para chamar de minha.
Rasgou a saia, deixou-me tonta;
Quebrou as rédeas, aqui não conta.
Puxou meus cabelos.
Esfregou os seus.
Sussurrou as loucuras cálidas, das viúvas estagnadas, dos segredos das donas de casa, das brincadeiras enluaradas.
Mordeu o meu pescoço, percorreu o meu corpo.
Voltou para minha boca...
Molhou os seus lábios, fixou-se em meus olhos... Rendeu-se aos olhos.
Beijou-me o beijo suave, da boca fina, da pele sensível, da língua afiada.
Tocou os meus seios, fez deles esteios.
Brincou com meu umbigo.
Descobriu o meu intimo.
Lambeu as minhas pernas,
Desvendou o que tinha no meio delas.
Tão conhecido e tão desconhecido... Infinito!
Possuiu-me toda.
Entrou-se outra.
Bebeu do meu líquido. Deixou o seu em mim.
Entranhou as unhas nos meus poros.
Escorreu o seu suor tacanho.
Esbravejou seu gemido.
Cantou no meu ouvido...
Todo o seu desejo reprimido
Que ali foi proferido,
Diante ao mistério que não foi entendido.
Ela crua me abraçou. Depois chorou.
Voltaria para o seu marido.
Seu mundo fingido.
Longe dos seus delírios temidos.
Acabou-se o amor urgente
Que tanta gente, mente;
Que não sente.
Daniella Paula