Não, não precisa me enganar,
Inventar essas coisas banais, sem vida, sem anais,
Para consolar o meu peito sem leito.
Pode retirar suas palavras do meu ouvido
Quebrar o mundo fingido.
Pode limpar com navalha o seu perfume dos meus poros.
Pode apagar sua imagem dos meus olhos.
Vá, corra para não perder o trem que a levará para os raios de sol, após tanto tempo vendo a lua. Mas, pegue seu cachecol, para onde vai, não poderá andar nua.
Não se esqueça de pegar seus cálculos e devolver meus autos.
Pode ficar com o “Auto da barca do inferno”, Gil Vicente lhe mostrará o inverno.
Deixe o “Auto da Compadecida”, Suassuna entende a minha vida.
Leve seus discos de Nirvana.
Devolva os meus da Bethânia.
Você precisará da sua auto-ajuda,
Eu quero só o Neruda.
Leve os cálices de cristais, isso é o de menos.
Eu só preciso dos vinhos chilenos.
Fume longe desses quartos os seus cigarros,
Que eu juro, que esquecerei os seus pigarros.
Retire todos os seus pêlos do meu corpo.
E todas as lembranças da retina das minhas esperanças.
Não precisa mais esperar,
Abandone aqui quem só te fez adorar.
Não vou te segurar.
Vá, e se afogue no mar,
Que você construiu, enquanto fingia me amar.
Daniella Paula
Escultura: Rodin - " O fugitivo do amor"
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
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9 comentários:
Quanta intensidade e conhecimento num poema!
A catarse libera fragmentos da alma e você os transformou em versos!
Muito lindo!
beijos e borboleteios!
"Não se esqueça de pegar seus cálculos e devolver meus autos."
Parabéns!
Continue nos presenteando com a sua sabedoria.
Beijos
Joana
Dava um bom samba=]
Lindoo demais.*
Magnifico texto...
Solto,livre emoção em cada palavra...
o mar o amor
Bj das nuvens
nice
nubessOlá minha amiga Daniella.
As separações são sempre muito doloridas.
Mas. amiga as transformastes em versos e brilho.
Parabéns.
Obrigado por sua visita ao meu cantinho.
Voltarei sempre aqui.
beijos da nova amiga.
ReginaCoeli.
Arrebatadpr o teu texto...
Doce beijo
Fiquei pasma... Completamente perfeito!
Profundo... magnífico!
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